
A história da Biópsia Líquida
Em uma revisão que explorou os desafios e oportunidades das CTCs (Células Tumorais Circulantes) no câncer em 2010, o termo “biópsia líquida” foi cunhado pela primeira vez por Catherine Alix-Panabières (foto) e Klaus Pantel. A Dra. Alix-Panabières é pesquisadora do Hospital Universitário de Montpellier onde dirige o Laboratório de Células Circulantes Raras Humanas e também é professora na Universidade de Montpellier. Embora a biópsia líquida tenha sido inicialmente usada apenas para definir CTCs, o termo foi rapidamente expandido para incluir outro biomarcador circulante – o DNA tumoral circulante (ctDNA).
Apesar dessa inclusão tardia, a presença de ácidos nucleicos livres de células na circulação sanguínea já havia sido descoberta muito antes. Pesquisas sobre mutações comuns em câncer, como as do gene RAS, também haviam sido exploradas usando ctDNA antes de sua adoção no campo da biópsia líquida.
Com as CTCs e o ctDNA consolidados como os dois componentes principais, a pesquisa no campo da biópsia líquida expandiu-se rapidamente. As CTCs e o ctDNA têm sido destacados como biomarcadores prognósticos na maioria dos tipos de tumores sólidos, incluindo mama, próstata, pulmão e colorretal.
O câncer é a segunda maior causa de morte no mundo e um grave problema de saúde pública global. A detecção precoce e o tratamento adequado são cruciais para que pacientes com câncer melhorem seu prognóstico e suas chances de sobrevivência. Atualmente, o padrão-ouro para o diagnóstico de tumores ainda é a biópsia tecidual. Embora a biópsia tecidual possa diagnosticar definitivamente tumores e seus subtipos, ela é difícil de coletar e, por ser um exame invasivo, é propensa a causar danos aos pacientes e não é conveniente para o monitoramento contínuo da progressão da doença. Como os tumores às vezes são difíceis de detectar precocemente, é complicado usar biópsias teciduais para identificá-los com precisão em um estágio inicial da doença.
A biópsia líquida é um método minimamente invasivo de coleta de amostras que se concentra no sangue ou em secreções corporais para a detecção de alterações moleculares, células tumorais e metabólitos. Comparadas às biópsias teciduais, as biópsias líquidas desempenham um papel no rastreamento precoce. Amostras comuns para biópsia líquida são sangue e urina. Portanto, biópsias líquidas são mais fáceis de realizar do que biópsias de tecido e são virtualmente não invasivas para o paciente, o que faz com que biópsias líquidas tenham o potencial para monitoramento contínuo da progressão do tumor. Vários marcadores moleculares podem ser detectados pela biópsia líquida, como células tumorais circulantes (CTCs), DNA tumoral circulante (ctDNA), vesículas extracelulares derivadas de tumor (EVs), plaquetas educadas por tumor (TEPs – plaquetas que interagem com células tumorais e adquirem características tumorais, podendo ser usadas como biomarcadores ) e RNA livre circulante (cfRNA). Atualmente, mais estudos se concentram na detecção de CTCs, ctDNA e exossomos.