Prevenção da corioamnionite começa pelo microbioma vaginal
O microbioma vaginal é a comunidade de microrganismos encontrados naturalmente na vagina. Em mulheres saudáveis, o microbioma geralmente é dominado por espécies de lactobacilos, que ajudam a manter um ambiente ácido. Essa acidez atua como uma barreira de proteção contra microrganismos nocivos, limitando seu crescimento. Quando esse equilíbrio é alterado (disbiose) bactérias que normalmente estariam em baixa quantidade podem crescer demais e se espalhar para regiões que deveriam estar protegidas.
Durante a gravidez, a disbiose pode trazer sérias consequências. Uma das mais graves é a corioamnionite, infecção que atinge as membranas que envolvem o bebê e o líquido amniótico dentro do útero. Geralmente, ocorre quando bactérias da vagina sobem para o útero, causando inflamação e infecção.
A corioamnionite pode causar complicações como parto prematuro, baixo peso ao nascer e até infecções graves em recém-nascidos. Para a mãe, os riscos incluem febre, dor no ventre e complicações no pós-parto.
A relação entre disbiose vaginal e risco de corioamnionite já foi demonstrada em diversas pesquisas. Um estudo clássico, publicado por Hillier e colaboradores em 1995, já indicava que bactérias como Gardnerella, Ureaplasma e Mycoplasma estavam ligadas a infecções no útero [Hillier et al., 1995]. Fettweis et al., (2019) observaram que mulheres que desenvolveram corioamnionite apresentavam um microbioma com menos lactobacilos e maior diversidade bacteriana [Fettweis et al., 2019]. Resultados semelhantes aos descritos por Romero e cols. (2014) que enfatizaram que bactérias associadas à vaginose podem ascender e contribuir para inflamações graves [Romero et al., 2014].
Cuidar do microbioma vaginal durante a gravidez pode ser uma forma de proteger tanto a mãe quanto o bebê. Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para entender melhor como o microbioma contribui para o desenvolvimento da corioamnionite, já existe consenso sobre a importância de evitar antibióticos desnecessários, usar probióticos quando indicado e manter cuidados pré-natais regulares. Se você está grávida ou planeja engravidar, converse com seu médico sobre maneiras de monitorar e cuidar da sua saúde vaginal durante a gravidez.
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Referencias:
Fettweis, J. M. et al. (2019). Microbiome, 7(1), 16.
Hillier, S. L. et al. (1995). Obstetrics & Gynecology, 85(6), 837–842.
Romero, R. et al. (2014). Clinical Infectious Diseases, 58(10), 1379–1389.
